Ressurreição da filha de Jairo e a mulher doente

Mc 5, 21-43

Aqui vemos o caminhar da Igreja. Já sabemos que Jesus fundou duas Igrejas, a humana e a divina. A primeira, sob o comando de Pedro, é aquela que caminha "trôpega e vacilante". E a segunda, entregue a João.

"E de novo, atravessando Jesus de barco para o outro lado, uma numerosa multidão o cercou, e Ele se deteve à beira-mar." Jesus atravessou numa barca e ficou na margem porque, espiritualmente falando, Ele não está em nenhuma das duas Igrejas. Por isso pedimos durante a Missa: "Vinde, Senhor Jesus!"

A presença de Jesus na Eucaristia não impede a Sua ausência no comando da Igreja humana, entregue a Pedro e seus sucessores. Se não fosse assim, seria uma incoerência, pois Ele disse: "Eis que estou com vocês todos os dias, até a consumação dos tempos." Portanto, essa coerência não pode ser interpretada como negação da Eucaristia, na qual tem presença sacramental, real. São coisas diferentes. Por isso se diz que Ele entrou numa barca e lá estava.

"Ora, uma mulher que havia doze anos tinha um fluxo de sangue,…"Esta mulher, doente há 12 anos, simboliza os doze apóstolos e sua descendência, que não conseguiram curar a doença da Igreja humana. E agora, no final dos tempos, será o momento em que a Igreja sentirá que Jesus realmente passará por ela, e numa atitude drástica procura chegar a Ele e tocá-lo, buscando ajuda por sua própria vontade e iniciativa e por extrema necessidade.

Aprendemos com isto que Jesus não irá procurar ninguém, para este toque de cura. Ele se disponibiliza sempre, mas a vontade e iniciativa há que ser nossa, movidas pela fé. A Igreja humana é que precisa seguir Jesus e procurar tocá-lo. No momento que isto acontecer, uma força sairá do Cristo e a restabelecerá; e Ele lhe dirá: "Minha filha, a tua fé te curou; vai em paz e fica curada desse mal."

Observamos que Jesus não falou para a mulher "Vai e não peques mais", como costumava dizer. Para os judeus, a doença daquela mulher era certamente consequência de um pecado, pois a viam à margem da sociedade. A doença grave era vista por eles como um castigo de Deus, por causa de seus pecados ou os de seus pais. Mas Jesus sabia que no seu caso não era este o motivo, tanto que não lhe disse: Fica curada da tua doença. Ela foi curada pela fé, ao tocá-lo.

No final dos tempos a Igreja humana vai procurar por Jesus e o tocará, apesar da multidão que o comprimirá, que o buscará independente da Igreja, que tardou em procurá-lo. Nessa multidão todos tocavam em Jesus, pois, se o comprimiam, tocavam-no. Mas não basta aquele momento em que estamos com Jesus, tocando-o, comprimindo-o. É preciso algo mais, para que a pessoa consiga tirar de Jesus aquela força, que o poder e a misericórdia de Deus permitem: a fé. E a Igreja, no final dos tempos, entenderá isto e conseguirá extrair esta força de Jesus e ser curada da apostasia que a deixou doente.

Eram duas mulheres que precisavam de ajuda: uma, adulta, doente há 12 anos, e a outra, criança, que na verdade não estava morta, adormecia, e cuja idade era de 12 anos.

Jairo era um dos chefes da sinagoga, isto corresponde, hoje, àqueles que comandam a Igreja, seu corpo episcopal, sucessores dos apóstolos, os quais virão a Jesus, rogando-lhe: A Igreja divina está morrendo, vem salvá-la. E os seus chegarão a chorar, dando-a por morta.

Como podemos falar da Igreja divina, já no século XXI? Com tanta confusão, pessoas se julgando Deus, fax, computador, celular, avião, Bin Laden destruindo torres da idolatria humana… No meio de tudo isto, como dizer às pessoas que a Igreja divina morre? Por isso o chefe da sinagoga insiste com Jesus, como que dizendo: Eu tenho certeza que, se o Senhor vier, ela será curada e viverá; vamos, ela já agoniza! Assim estará o comando da Igreja, no momento em que clama a Jesus pela Igreja divina.

Igreja divina é aquela que não precisa tocar em Jesus, por ser divina. Mas ela está morrendo em nosso meio, e não sabemos mais o que fazer. Jesus, então, virá em seu socorro, após curar a Igreja humana. Ele vai à Igreja divina, acompanhado de Pedro, Tiago e João.

Jesus, ao receber a notícia: A Igreja divina morreu, não há mais o que fazer, diz: "Não temas; crê somente." E chama Pedro, o representante da Igreja humana, que já havia resolvido o seu problema, Tiago, irmão de João, o elo de ligação entre as duas Igrejas, e João, representante da Igreja divina, e vão à casa do chefe da sinagoga. Chegando, Jesus diz: "Por que esse alvoroço e esse barulho? A criança não morreu; está dormindo. E riam-se dele." Embora não fosse momento para risos, a reação era lógica, pois quem não sabe que a fé acabou, já não existe? A humanidade, hoje, está dizendo isto: Não acredito nesse Jesus. Vocês conseguiram segurá-lo, durante dois mil anos, agora já não é mais possível.

"Jesus, porém, ordenou que saíssem todos, exceto o pai e a mãe da criança e os que o acompanhavam, e com eles entrou onde estava a criança." Com a mãe dessa criança, ou seja, Maria Santíssima; no lugar onde estava, isto é, nos últimos tempos. Naquela cura milagrosa em que Deus ressuscitará a Igreja divina, entram a Igreja humana, o elo entre as duas Igrejas, a Igreja divina, e Maria Santíssima. É neste momento que Jesus diz: "A criança não morreu, está dormindo."

Aquela expressão de Jesus: "Talítha kúme", ressoa nesses dois mil anos de evangelização. Vivenciamos esse ápice, conscientes de que Jesus grita bem alto, no cume da Igreja: "Talítha kúme", que significa: "Menina, levanta-te." Igreja divina, levanta, você não morreu, está dormindo. Essa menina volta à vida. Ela tinha doze anos, quer dizer, mais uma vez os apóstolos ressuscitam com a Igreja divina.

Aí está a história da Igreja. Podemos antever, pelas palavras de Marcos, o que acontecerá à Igreja.

A Igreja humana vai chegar, no final dos tempos, doente, cansada, desacreditada, e com o toque de Deus será curada. Depois, com a ajuda de Pedro, João e Tiago, na presença de Maria Santíssima, a Igreja divina ressuscitará.

Este Evangelho nos mostra que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja.

No final, Jesus mandou que lhe dessem de comer. Esta comida não se refere à Eucaristia, porque na Igreja divina não existe Eucaristia, só necessária à Igreja humana. Esse alimento que manda dar a ela é a espiritualidade, aquilo que vai alimentar a Igreja divina.

Devemos entender que quando a Igreja divina for restabelecida, o alimento que irá fortalecê-la, mantê-la viva é um alimento saudável: a presença de Cristo, pois é Ele a espiritualidade marcante desse alimento e não a Eucaristia, alimento da Igreja humana.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Ressurreição da filha de Jairo e a mulher doente: Mc 5, 21-43. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 161.

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