A Santa Ceia

Jo 13, 14

Nestes dois capítulos João compõe o momento da Santa Ceia.

João é aquele que vemos como a Igreja divina. Ele tinha uma ideia, preconcebida, divina do Cristo.

Durante a Ceia, Jesus instituiu o lava-pés e a Eucaristia. Depois de dar o pão umedecido no molho a Judas Iscariotes, aquele que o trairia, disse: "Faze depressa o que tens a fazer". Falou assim com Judas, porque havia chegado a Sua hora, aquele era o momento exato de ser preso e condenado à morte. "Tomando, então, o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite." Em seguida Jesus dialogou com mais três apóstolos: Pedro (a Igreja humana), Tomé e Filipe.

"Simão Pedro lhe diz: Senhor, para onde vais? Respondeu-lhe Jesus: 'Para onde vou, não podes seguir-me, agora, mas me seguirás mais tarde'". O que Jesus quis dizer foi: Pedro, serei crucificado agora, você não, mas depois será também. Este é um dos diálogos de Jesus com a Igreja humana. Ele sabia que ela o negaria.

"Pedro lhe diz: Senhor, por que não te posso seguir agora?" Este é o questionamento racional da Igreja, que não estava entendendo o que dizia Jesus, agravando quando diz: "Darei a minha vida por ti! Jesus lhe responde: 'Darás a tua vida por mim? Em verdade te digo: antes que o galo cante, amanhã tu me negarás.'".

Jesus anuncia aqui, além de Sua partida, o martírio (a crucificação), a traição de Judas e a negação de Pedro, aquele, de forma velada.

E continua falando: "Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim." Jesus quer aqui fortalecê-la (a Igreja) na fé, pois vê que está confusa com tais anúncios. É como dissesse: Você acredita em Deus, acredite também em mim. Esta é a minha hora, a sua virá mais tarde, pois ainda terá muito que fazer.

"Na casa de meu Pai há muitas moradas." Muitos, principalmente os espíritas, se apoiam nestas palavras para afirmar a reencarnação. Não entenderam o diálogo, por isso não percebem o que Jesus fala à Igreja humana. Ele quer dizer que, na mente de Deus, tudo aquilo que permite que façamos, é passível de Sua misericórdia. Alusão à negativa de Pedro. Mesmo a traição de Judas, – permitida para que o Filho fosse glorificado e a humanidade redimida – em si teria perdão, se acompanhada de arrependimento sincero, como ocorreu a Pedro. Tudo tem o seu sentido no contexto da criação, seja o bom ou o mau uso do livre-arbítrio. Porém, como diz certa máxima: "Não há ato inconsequente, pois todo ato produz uma consequência."

Em relação a Pedro, é como dissesse: Você vai me negar três vezes, mas o Pai o perdoará. Apesar de sua negação, encontrará refúgio na casa do Pai. Você é imperfeito, mas o Pai o aceitará, porque Eu o escolhi. Portanto, este não pode ser argumento para a reencarnação.

Alguns acreditam que esta frase diz que o Pai acolhe as pessoas independente do credo que professam, portanto, tanto aos católicos quanto aos não católicos. Outros entendem que Ele está se referindo à recompensa que cada um terá no Céu, conforme suas obras na terra. O fato é que, se quisermos beber da verdade, teremos que crer em Deus Pai e em Jesus Cristo.

Como Jesus estava instruindo Pedro, a Igreja humana, com o caminho, a verdade e a vida, temos de crer naquilo que a Igreja ensina.

"Se não fosse assim, Eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar,…". Quer dizer, Eu vou ser crucificado e vou preparar para que você também o seja. Crucificação que atinge, portanto, não só a Jesus, mas também a Pedro e à Igreja humana. "…e quando Eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde Eu estiver, estejais vós também." Quer dizer: Estou constituindo em você uma Igreja e um compromisso. "Vou e volto", isto é, vou ao primeiro Papa e volto no último. É um compromisso que estou cumprindo. Este é o primeiro diálogo de Jesus com a Igreja, depois que despachou o traidor.

"E para onde vou, conheceis o caminho". Quer dizer: Depois, entenderão minhas palavras, o que lhes falo.

É neste diálogo que temos a primeira prova de que Jesus estava escolhendo Pedro, mesmo sabendo de tudo que iria acontecer. Se não percebermos isto, não conheceremos o que Jesus pensa da Igreja.

Em seguida, vemos a incredulidade na figura de Tomé, que precisa entender racionalmente. Ele tomou a palavra: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? Diz-lhe Jesus: 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai'".

Entra um terceiro personagem, o apóstolo Filipe. Centrado na interrogação, diz-lhe: "Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta!"

Observamos que neste Evangelho Jesus desenvolve um diálogo.

Inicialmente Ele descarta a traição, dizendo a Judas que fizesse depressa o que tinha a fazer. Depois institui a Igreja, mostra a Pedro toda a sua importância: quero você como fundamento da minha Igreja, mesmo sabendo de sua negação: "Antes que o galo cante, amanhã tu me negarás." Pedro nega três vezes. A Igreja nega três vezes.

Primeiro pela responsabilidade de ser. Negativa da própria Igreja.

Segundo por não acreditar. A incredulidade de Tomé: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?".

E terceiro por interpelar a Deus: "Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta!". Esta terceira negação pesa mais.

Jesus conclui o diálogo com Filipe, dizendo: "Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, realiza Suas obras. Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras."

Na verdade, nestes dois capítulos Jesus está falando principalmente sobre a negação da Igreja. As três pelas quais a Igreja passa, mesmo sabendo que se fundamentará na responsabilidade de ser, de crer e de interpelar. Três negações que para nós, diante de Cristo, são naturais, racionais.

Cristo foi perfeito neste Seu ensinamento, mostrando que:

Você não me conhece, Eu o escolhi e por isso o Pai está de acordo. Você também será crucificado, me negará pelo ter, pela incredulidade e, no final, pela interpelação.

Jesus escolheu os três apóstolos para dialogar sobre este assunto, depois da Ceia. Portanto, quando nos perguntarem se toda Igreja é igual, devemos responder: Não. As Igrejas cristãs se baseiam no Evangelho, e o de João é muito claro sobre o que Cristo pensa da Igreja: nós somos pequenos, pecadores, cheios de problemas, vamos negá-lo no crer.

 

Referência: LOPES, Raymundo. A Santa Ceia: Jo 13,14. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 201.

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