O caminho da santidade passa inevitavelmente pelo sofrimento, e você não será exceção

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Diante da angústia de Raymundo, Nossa Senhora aparece na Vila del Rey para dar-lhe conforto e esclarecimentos. “O caminho para a santidade passa inevitavelmente pelo sofrimento, e você não será exceção. Ainda sofrerá muito. Terá que rezar muito, aceitando com resignação o que vem de Deus e confiando na Providência Divina”.

29 de dezembro de 1992

Necessito relatar com exatidão o que me aconteceu nesta madrugada.

A minha filha, Myriam, nasceu prematura e com hidrocefalia. Geny permaneceu com ela no hospital, enquanto eu voltei para o meu apartamento por causa do meu outro filho, Frederico, de quatro anos. Em casa, tive também a companhia de dois rapazes, amigos da minha esposa, que vieram do Rio de Janeiro.

Às 11:30, fomos todos dormir. Por volta das 3 horas da madrugada, acordei com sede e levantei-me para ir à cozinha. Ao passar pela sala de visitas, escutei alguém me chamando. Pensei que fosse um dos rapazes, mas em seguida me dei conta de que a voz era feminina. A luz que irradiava da sala era intensa. Assustado, voltei para o quarto.

Permaneci na cama, e não conseguia tirar os olhos do corredor. No íntimo eu sabia do que se tratava. Mas nestes momentos fico um pouco sem controle; tudo isso mexe muito comigo.

Minutos depois, como a luz não se apagava, resolvi enfrentar a situação. Respirei fundo, e fui para a sala. Encontrei aquela luz azulada, do tamanho de uma pessoa, pairando no ar. Depois sentei-me no sofá menor, perto da porta do quarto. Coloquei as mãos sobre os joelhos e abaixei a cabeça, rezando baixinho: “Meu Deus, me ajude… Nossa Senhora, o que quer de mim?… Meu anjo da guarda, permita que eu entenda tudo isso…”

Eu estava paralisado, de olhos fechados e sem condição de levantar a cabeça. Daí a pouco resolvi abrir os olhos, e vi dois pés descalços pairando no ar. Eu continuei rezando, sem levantar a cabeça.

– Disse que voltaria somente em caso extremo – Nossa Senhora começou. – Aqui estou, para que não enfraqueça. Tudo isso por que você está passando não posso evitar, pois são planos divinos. A pequenina Myriam tem a minha proteção no Céu; na Terra, é necessário tudo isso. Eu a carregarei no colo, e estou atenuando as suas dores com a minha presença constante. Ela será a energia positiva, provinda de mim, para todos vocês. Não deixe que a dúvida tome conta do seu coração. Não enfraqueça, não permita o desânimo. Repito: é necessário tudo isso, não posso evitar. Da pequena flor nascerá um imenso jardim.

– Ela vai morrer? – perguntei.

– Isto Eu não posso responder; você precisa ter confiança e fé nos caminhos que Deus está lhe traçando.

– Senhora, não estou aguentando mais… Estou desorientado e não sei o que fazer. Me sinto cada vez mais fraco; parece que a minha vida está mudando para pior. Por que isso?…

– O caminho para a santidade passa inevitavelmente pelo sofrimento, e você não será exceção; ainda sofrerá muito. Você terá que rezar muito, aceitando com resignação o que vem de Deus e confiando na Providência Divina. Isso é uma graça que recebe do Céu, e somente com a sua aceitação poderei voltar e estar com você. Você aceita essas condições?

– Senhora, eu aceito, mas isso não pode ser feito de outra forma?… Por que a minha filha?… Por que não eu?…

– Assim você está condicionando as coisas. Não duvide nunca de Deus. Você está recebendo uma graça imensa com as minhas visitas; aproveite e se santifique. Breve não poderei mais vê-lo, porque o tempo para essas coisas terá se completado.

À medida que Nossa Senhora falava, eu ia ficando mais calmo. Fui aos poucos levantando a cabeça, e pude ver a Santíssima Virgem em todo o seu esplendor. Ela estava toda de branco. A sua veste brilhava como a neve transpassada por raios de sol. Seu rosto sereno também irradiava luz de todas as cores. Desta vez o via com maior nitidez; os olhos grandes e profundos estavam fixos em mim. Deixava transparecer calma e segurança. Nossa Senhora estava de mãos postas. Deixando cair a mão direita, dela saiu uma luz que veio sobre o meu peito.

– Eu estou lhe dando da minha energia, para que não enfraqueça e enfrente tudo isso com certeza, porque ainda necessito muito de você.

Neste momento senti um calor me invadindo. Era como se eu tivesse tomado um copo de água fervendo.

– Senhora, não sou só eu que sofro; a todo momento vejo pessoas sofrendo por sua causa. Não entendo; quanto mais temos fé, mais sofremos?…

– Com o tempo entenderá. Através do sofrimento mudam-se as coisas, para que tudo se purifique. O sofrimento não vem de mim, mas, entenda, é uma graça provinda de Deus para vocês. Somente com o tempo poderão avaliar o quanto Deus ama todos vocês, permitindo as minhas visitas.

– Senhora – eu disse, mudando de assunto –, o padre Mário Gerlin também está muito doente, está correndo risco de vida; ele vai morrer agora?

– Dom Mário está passando por um período difícil de purificação, mas Eu estou ao lado dele. Quanto à morte, não posso responder. A missão que foi confiada a ele, através de você, está cumprida. Estou agradecida, porque ele correspondeu ao meu apelo com coragem.

– Senhora, o que faço com tudo aquilo que me foi confiado pelos anjos no dia 13 de outubro?

– Eu voltarei para lhe dar instruções; por enquanto, espere.

– Eu tomei a decisão de entregar ao padre Paulo César os originais do que escrevi a respeito. Agi certo?

– O que lhe foi relatado através dos mensageiros foi relatado a você, não a ele. Por enquanto ele não será o caminho para a divulgação do que lhe foi revelado. Espere; no momento certo lhe enviarei as pessoas certas para esta tarefa.

– Senhora, posso saber se a Senhora está aparecendo também em Medjugorje, da mesma forma como fala comigo agora?

– Como falo com você, falo lá; não duvide disto. O meu Coração Imaculado deseja uni-los em oração pela conversão do mundo. Em fevereiro mandarei mensageiros de Medjugorje ao Brasil; você terá contato com eles antes do dia 11.

– Vicka virá?… – perguntei surpreso, recordando o nome de uma das videntes de Medjugorje.

Nossa Senhora não me respondeu de imediato; apenas sorriu, e depois completou:

– A vidente rezará o Terço com você na Basílica de Lourdes; Eu farei isto acontecer.

– Posso falar disso às pessoas do Secretariado1?

– Não lhe peço segredo.

– Senhora, estou preocupado com a Igreja de São Sebastião. A Senhora pediu que fosse transformada em Santuário, mas até agora nada foi feito. Não tive nem condições de voltar lá. Estou rezando o Terço na Basílica de Lourdes; isto está certo?

– Não se preocupe com a Igreja de São Sebastião. Lá serão colocadas pessoas que farão o que desejo. Esta tarefa não será sua; você divulgou as mensagens, e isto basta. Continue a rezar o Terço na basílica. Seja persistente; terá em breve alguns problemas, mas não desanime. A partir de agora faça com que as minhas mensagens sejam lidas lá.

– Quais mensagens?

– As que você recebe de Medjugorje e as que irei lhe transmitir daqui por diante.

– Como vou saber qual a mensagem certa?

– Eu o guiarei. Abandone-se ao meu comando; deixe que Eu o inspire no coração. Na basílica, rezarei com você.

– Tenho que guardar segredo disso?

– Não vejo motivo; faça como você achar conveniente. Agora preciso ir, mas voltarei. Ficará algum tempo sem me ver. Isto somente acontecerá outra vez para que não caia em tentação, desânimo ou desespero. Entretanto, sempre escutará a minha voz. Seja fiel ao que lhe passo, e confie.

Dizendo isto, colocou de novo as mãos postas e, em atitude de oração, abaixou a cabeça. Da barra do seu vestido começou a brilhar uma luz pequenina, que aos poucos foi crescendo e a envolveu completamente. Do meio desta luz ainda pude ouvir:

– Fique em paz; estou com você.

Em seguida a luz apagou-se. Eu fiquei ainda um pouco na sala, pois não conseguia firmar as pernas. Depois, melhorando, fui para o quarto. Só consegui dormi um pouco quando o dia já amanhecia.

 

1 Secretariado Rainha da Paz, que atua em Belo Horizonte na divulgação das aparições de Nossa Senhora em Medjugorje.

 

Referência: LOPES, Raymundo. O caminho da santidade passa inevitavelmente pelo sofrimento, e você não será exceção. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o Infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 30.

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