Está sendo preparado um juramento especial de fidelidade ao magistério de Francisco?

Catequese
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Carlos Esteban.

Infovaticana, 16 de janeiro de 2018.

[https://infovaticana.com/2018/01/16/se-prepara-juramento-especial-lealtad-al-magisterio-francisco/].

Tradução. Bruno Braga.

Há rumores de que o Papa estaria às voltas com a ideia de instituir um juramento especial de lealdade ao seu magistério. Um juramento além da obrigação explícita que todo fiel, e de forma especial o clero, tem de fidelidade ao Santo Padre.

 

O conteúdo de um rumor nunca deve ser o conteúdo de uma notícia. No entanto, é perfeitamente possível, e inclusive habitual, que a existência mesma de um rumor se converta em notícia, da mesma forma que certas declarações são informação válida até quando o informante mente. O que disse pode não ter valor, mas sim o fato de tê-lo dito.

Há um rumor que circula insistentemente entre os círculos vaticanistas, entre aqueles que conhecem São Pedro por dentro e por fora, e, embora não outorguemos credibilidade alguma ao seu conteúdo, parece-nos relevante o fato mesmo de que ele exista, que seja difundido e criado.

Há rumores de que o Papa estaria às voltas com a ideia de instituir um juramento especial de lealdade ao seu magistério. Um juramento além da obrigação explícita que todo fiel, e de forma especial o clero, tem de fidelidade ao Santo Padre.

Insistimos que não é o rumor o que consideramos noticioso, mas que alguém suficientemente bem situado se deu ao trabalho de disseminá-lo e que tantos conhecedores dos ambientes vaticanos estejam dispostos a dar-lhe alguma credibilidade, considerando-o, pelo menos, não ser impossível.

Não é um simples rumor, mas uma notícia nunca desmentida, publicada no prestigiado semanário alemão Der Spiegel, de que o Papa confessou ao seu círculo íntimo o temor de passar para a História como o Papa que dividiu a Igreja.

O improvável juramento poderia ter este sentido, o de evitar o temido cisma enquanto as posições não se enfrentem de forma irreconciliável.

Agora, existem motivos para pensar que as coisas estão se aproximando deste ponto? Parece-nos evidente. A percepção de uma parte não desprezível da Igreja, pelo menos da parte que espera esclarecimento e apoio da Santa Sé – talvez em um grau imprudente e historicamente desnecessário -, é que as reformas de Francisco parecem destinadas a criar uma cisão em nossa história, um “antes e depois”, para utilizar a conhecida expressão.

É defensável, e nisto estão muitos teólogos, que tudo o que Francisco tem escrito ou dito até hoje, ou é interpretável de acordo com o Magistério (com maiúscula), ou é expresso em um contexto informal que não implica dever algum de adesão de fide.

Mas, para o povo fiel, esta distinção, sendo essencial, não é a última palavra neste assunto. Tudo o que diz o Papa, pelo fato de ter sido ele quem disse, tem um peso especial, e é examinado com um cuidado particular. E a direção para a qual parecem ir todas as suas declarações deste tipo causa uma compreensível preocupação.

Porque, para dizer de forma direta, todas elas vão na linha de uma ruptura com milênios de tradição ou, se preferir, de uma mundanização da mensagem eclesial. Não, desta vez, no sentido em que se deu em outros séculos, de relaxamento dos costumes do clero ou da afeição desmedida deles com as coisas deste mundo, mas a tentativa de ceder a própria mensagem às ideias dominantes no mundo.

Ecoamos todos os dias notícias que falam não só de mensagens mais que ambíguas – os elogios a Bonino no seu dia, o prêmio pontifício recentemente concedido a uma conhecida abortista -, mas  de uma atitude de Sua Santidade que parece contradizer as suas primeiras promessas de colegialidade e abertura à crítica. Ele ultrapassou suficientemente a sua atitude de “silêncio administrativo” com relação a todas as consultas que percebe como críticas, e o mais leve questionamento muitas vezes faz cair em desgraça o ousado que o formula.

Não há cisma, e não há por que havê-lo, inclusive se Francisco persistir na linha que mantém até hoje e que tanto preocupa um setor da Igreja. Mas, sim, existe divisão, e como um desprendimento pessoal em muitos com relação ao que faz o Papa, uma decisão implícita ou explícita de manter a vida de fé independentemente do que saia de Santa Marta.

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