Estou triste, muito triste, porque estão divididas, Roma e Gênova

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Santa Virgínia Bracelli aparece a Raymundo na Capela Magnificat e lamenta a divisão na congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, de sua fundação. “São todas minhas filhas, todas nascidas do meu amor e da misericórdia de Jesus. E hoje as vejo cheias de orgulho, separadas por opiniões contrárias, se digladiando por poder”.

3 de dezembro de 2007

Por estrita insistência da irmã Gertrudes e da irmã Anselma, ambas da Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, em Belo Horizonte, passo a relatar o que me aconteceu. Entretanto, deixo claro que não é minha intenção exercer nenhuma influência sobre o cotidiano das irmãs, sendo elas soberanas em seus atos, como foram durante os 356 anos que se passaram, desde a morte de Santa Virgínia.

Eram mais ou menos 7 horas da manhã do dia 2 de abril de 2003. Eu rezava o Terço na Capela Magnificat e recordava o dia em que Nossa Senhora permitiu que eu colocasse a mão em seu pé, na capela do Colégio Monte Calvário, no dia 2 de abril de 1993. Nisso ouvi um barulho, como um vento passando por uma fresta e assoviando.

Olhei para trás e vi, na porta da capela, uma linda senhora de aproximadamente 60 anos. Tinha um porte altivo, medindo cerca de 1,70 cm de altura, loira e de olhos azuis. Trajava um vestido cinza-claro meio rosado, com alguns estampados perto do pescoço, pouco justo, com saia abaixo do joelho e uma blusa de renda branca. Calçava uma espécie de sandália preta. Ela me olhava e sorria.

Em seguida, a senhora entrou na capela e sentou-se numa cadeira ao meu lado. Trazia nas mãos o retrato de uma mulher que não consegui identificar, mas ela me mostrou uma data: “22 de setembro de 1985”1.

De repente, ela tirou da bolsa que trazia consigo uma segunda foto, de uma freira de hábito preto, e começou a chorar. E uma lágrima caiu no retrato, manchando-o. Eu, com pena dela, perguntei-lhe:

– É sua parenta, que é freira? Ela está doente?

– Essa é minha querida filha, Maria Francisca. Necessito que você a ajude a se tornar conhecida.

Na foto havia uma frase, que parecia italiano. Ela permitiu que eu a copiasse, para que pudesse entender o porquê de tudo aquilo. Estava escrito: “Geta neu sinore la cura de teed egli ti nutrira.” Era mais ou menos isso.

Depois eu retomei:

– Mas eu não conheço a sua filha, como vou poder ajudá-la? Ela está doente e a senhora deseja que eu reze por ela?

– A Senhora, a quem você tanto ama, o ajudará em como fazer. Mas estou muito triste.

– Por quê, senhora? Qual é o seu nome?

– Sou italiana. Sou, por esposa, Bracelli; minha mãe, Spinola.

– É a sua mãe que está no outro retrato? Tem algum espinho no seu caminho? O que é que a senhora deseja?

– Estou triste, muito triste, porque estão divididas, Roma e Gênova.

– Entendi; a sua mãe e a sua filha, uma está em Roma e outra em Gênova, não é isso?…

– Não. As minhas filhas estão divididas; eu as criei sob o Refúgio de Gênova, e algumas, atraídas pela proximidade de Roma, decidiram pela divisão.

– A senhora não acha isso bom?

– Não. Eu as criei sob o Refúgio para prosperarem no mundo com amor e serviço, mas prosperaram pela razão. Eu as criei para servirem aos pobres e necessitados, e elas, as de Roma, servem somente a si próprias.

– Não estou entendendo nada… A senhora criou o quê?

– O Céu decretou que as de Roma se extinguirão até 2030, se não se retratarem diante do Calvário e tomarem o caminho certo da reconciliação de Gênova, formando uma só família. Faça algo para a minha filha Francisca ser conhecida, que ela irá ajudar nesta união.

– Se a senhora deseja que eu ajude a sua filha, faça com que eu a conheça.

– Você irá conhecer onde ela está.

– Onde ela está?

– Irá encontrá-la na capela, em Roma.

– Qual capela, senhora?

– A de minhas filhas, no Calvário de Roma2.

– Não estou entendendo nada…

– Irá entender. A Senhora a quem você tanto ama lhe mostrará.

– A senhora está falando de Nossa Senhora, Mãe de Jesus?

– Dela mesma.

– A senhora tem alguma coisa a ver com as irmãs do Monte Calvário?…

– São todas minhas filhas, todas nascidas do meu amor e da misericórdia de Jesus. E hoje as vejo cheias de orgulho, separadas por opiniões contrárias, se digladiando por poder. A Senhora, Mãe de Jesus, o aproximou delas através de Dom Mário3, mas foi por intermédio de poucas, de origem italiana, que este veículo de amor se perdeu. A Senhora, Mãe de Jesus, atendendo ao meu pedido de socorro, e de minha filha Francisca, apareceu-lhe na capela de sua capital. Ela ofereceu-lhes ajuda para que a congregação não morresse, mas nada adiantou; elas continuam duras de coração, preferindo se abster da graça do Céu em troca de efêmeras graças episcopais. Preferiram uma capela fechada ao público faminto de Deus, para reservá-la ao cotidiano de suas obras sem sentido e sem piedade.

– Acho que começo a entender. A senhora é a Virgínia, não é?

– Sim, sou Virgínia, e agradeço a Deus por ter nascido, porque com isso Ele me deu oportunidade para tentar dar início a mais uma obra de amor ao próximo. Chegará o dia em que, levadas por interesses próprios e até mesmo confiando que eu possa prejudicar algumas de minhas filhas por poderes que não possuo, colocarão pedidos, folhas de papel aos pés da minha imagem, feita por elas próprias, pedindo ajuda. Avisar-lhe-ei quando isso atacar o meu espírito, e peço-lhe que as retire de lá.

– Por quê, dona Virgínia?

– Porque o mal que rodeia a minha casa se aproveita dessa influência maléfica para agir. Atenue isso, onde a Senhora, Mãe de Jesus, falou com você.

Falando isso, ficou de pé e foi até o altar onde estava um crucifixo. Apanhou uma folha de papel e escreveu em português: “Agradeço a Deus por me ter criado”, e assinou “Virginia”. Depois ela saiu pelo jardim, entrou num carro, que parecia ser novo, e desapareceu na curva da rua da minha residência.

Este fato aconteceu, mas escondi o diálogo da irmã Gertrudes, porque não desejo de forma alguma interferir no cotidiano das irmãs. Sei que a maioria delas não gosta de mim, e não desejo aumentar esse ódio incompreensível. Reconheço que a irmã Gertrudes é uma freira diferente das outras, aparentemente sem espiritualidade alguma, mas o que me deixa mais impressionado é o grande amor e confiança que ela tem por Jesus, Nossa Senhora e pela Congregação.

Por diversas vezes atendi o pedido de Santa Virgínia, indo à capela do Monte Calvário e retirando bilhetes dos pés da sua imagem, os quais pediam, inclusive, a saída de algumas superioras. Apesar de achar isso um absurdo, não interferi.

Quando fui a Roma, em fins de junho de 2004, estive na capela das irmãs. Vi o túmulo da irmã Teresinha Zonfrilli e, sem saber que ela se chamava Francisca, prometi que faria tudo para que fosse beatificada, porque assim, com a graça das orações, as duas congregações talvez possam voltar a ser uma só.

Façam o que quiserem com este relato e, se acreditarem no divino, atendam o que sua fundadora pede: que todas sejam uma na espiritualidade das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário .

 

1 Data da beatificação de Virgínia.

2 Numa viagem a Roma, Raymundo conheceu a história e o túmulo de Maria Francisca na capela da Casa Mãe da Congregação. Ficou sabendo que ela tinha falecido em odor de santidade e que a Igreja lhe conferira o título de Veneranda. Conversando com algumas irmãs brasileiras, que o receberam em Roma, prometeu-lhes tudo fazer para que ela, se possível, fosse beatificada pela Igreja.

3 Padre Mário Gerlin.

4 Monte Calvário de Belo Horizonte.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Estou triste, muito triste, porque estão divididas, Roma e Gênova. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 127-130.

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