Bernadete: a 2ª tentativa do anúncio do retorno de Jesus

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As aparições de Lourdes costumam ser lembradas pela bela frase “Eu sou a Imaculada Conceição”. No entanto, a cristandade conhecia apenas parte da beleza dessa revelação. “Eu sou a Imaculada, aquela que deve anunciar a vinda de Jesus”, disse Nossa Senhora a Bernadete.

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Em aparição na Capela Magnificat, em Nova Lima, a Santa Virgem revelou a Raymundo Lopes que o “plano do Altíssimo” estabelecia três tentativas para que a Igreja fosse a anunciadora do retorno de Jesus.

A primeira tentativa deu-se na capela das Irmãs de Caridade, em Paris. Conforme a visão de 1830, Catarina Labouré transmitiu ao seu confessor o pedido de que se cunhasse uma medalha cuja imagem simbolizaria a Parusia: Nossa Senhora teria nas mãos um globo de ouro, encimado por uma cruz, representando a Terra que está para receber a segunda vinda de Jesus, e nos dedos três anéis, indicando que Ela fora escolhida pela Santíssima Trindade como a medianeira do anúncio. A Igreja, no entanto, ordenou que se cunhasse a Medalha Milagrosa com outro modelo. Em consequência, segundo registro do Dicionário de “Aparições” da Virgem Maria, de autoria do Pe René Laurentin, Catarina passou a suplicar à Doce Senhora que aparecesse em outro lugar, pois seus superiores permaneciam resistentes a satisfazer os desejos do Alto.

A súplica de Catarina não tardaria a ser atendida. De 11 de fevereiro a 16 de julho de 1858, Bernadete Soubirous recebeu aparições de Nossa Senhora na gruta de Massabielle, em Lourdes. As mensagens que lhe foram transmitidas exortavam sobretudo à oração e à penitência. “Reze a Deus pelos pecadores”. “Penitência! Penitência! Penitência!…”, pediu-lhe com insistência a voz delicada, como da mãe angustiada que teme pelos filhos. Os pedidos, contudo, foram ainda mais específicos: “Beije a terra em penitência pela conversão dos pecadores”. Obediente, no dia 25 de fevereiro Bernadete percorreu a gruta de joelhos, beijando a terra e desconcertando os presentes. Depois cavou a terra úmida e bebeu de sua água lamacenta, que revelaria o jazigo da fonte que até hoje realiza curas e milagres. E de fato, como nas penitências da gruta, a vida de Bernadete se tornaria um constante sacrifício. A própria Virgem já lhe havia profetizado este destino no dia 18 de fevereiro: “Não lhe prometo a felicidade neste mundo, mas no outro.”

No entanto, há alguns dados da vidência de Bernadete que, embora uniformes e incontestes na historiografia tradicional de Lourdes, devem ser reconsiderados a partir das revelações dadas a Raymundo Lopes. Dois pontos merecem particular atenção. Primeiro, consta no Dicionário de “Aparições” que de início Bernadete não conhecia a identidade da jovem luminosa que a visitava na gruta. Costumava designá-la simplesmente pelo demonstrativo Aquilo. No dia 25 de março, após alguma insistência, a aparição lhe teria revelado sua identidade dizendo tão-somente isto: “Eu sou a Imaculada Conceição”, sem dar-lhe nenhuma informação complementar. Além disso, o Pe René Laurentin aponta para a existência de mensagens não reveladas: “Bernadete recebeu uma mensagem em doze falas, do dia 18 de fevereiro ao dia 25 de março. A isso se acrescem três segredos: ela guardou rigorosamente os segredos que havia recebido para sua conduta pessoal.”

No dia 01 de abril de 2007, a essência da mensagem de Lourdes, que ainda permanecia na treva, foi finalmente dada à luz. Na Vila del Rey, em Nova Lima, Raymundo Lopes se encontrava na companhia das três criancinhas que costumam visitá-lo: os Arcanjos Gabriel, Rafael e Uriel. Cada Arcanjo segurava uma caixa, respectivamente nas cores azul, vermelha e amarela. Aberta primeiramente a caixa vermelha, os Arcanjos lhe revelaram o modelo original e a simbologia verdadeira da Medalha Milagrosa, bem como a conduta do Pe Aladel, confessor de Catarina, e da cúpula da Igreja. Em seguida, as revelações continuaram de acordo com o testemunho publicado de Raymundo:

“O Anjinho da caixa amarela então interrompeu a nossa conversa:

– Vamos abrir a segunda caixa?

– Agora estou ansioso, vamos abri-la.

Abrindo a caixinha amarela, vi dentro dela a figura de uma freira ajoelhada aos pés de um Sacerdote, que também me pareceu ser o Papa. E perto havia um Padre, a quem a freira disse:

– A Senhora que vejo manda dizer que é aquela que anuncia a segunda vinda de Jesus à terra, e está aqui por causa disso.

O Padre que estava ao lado perguntou:

– Ela falou algo sobre ser a Imaculada Conceição?

– Ouvi Ela dizer apenas isso. Então perguntei quem era Ela, e Ela respondeu: ‘Sou a Imaculada, aquela que deve anunciar a vinda de Jesus; por isso estou aqui’.

– Tinha algo nas mãos?

– Tinha contas coloridas e delas jorravam raios de luz de diferentes intensidades e beleza.

– Era um rosário?

– Não sei responder, acho que não.

– Por quê?

– Porque faltavam muitas contas, e das contas coloridas saíam cores como o amarelo, o azul e o vermelho.

– Meu Deus, isso é Lourdes!… – exclamei em seguida.

– Sim, é Lourdes – disse o Anjinho da caixa amarela”.

Uma vez mais, portanto, a Santa Virgem serviu de medianeira para que a Igreja anunciasse o retorno de Jesus. No entanto, justo como Bernadete no convento de Nevers, o anúncio foi também enclausurado em algum recanto obscuro do Vaticano.

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Catarina Labouré

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