Por que os maçons amam o Papa Francisco? Parte I

Catequese
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OnePeterFive, 07 de abril de 2017.

Nota do editor: Como observamos anteriormente, muito do nosso trabalho aqui no OnePeterFive é também baseado na bondade e generosidade daqueles que desejam contribuir com o nosso apostolado sem poder, por diferentes motivos, tornar público os seus próprios nomes. É assim que estamos apresentando o resultado de uma ampla pesquisa feita por uma pessoa instruída. Depois de examinar as suas descobertas, decidimos apresentar aos nossos leitores, sob a condição do anonimato, as evidências reunidas para demonstrar que maçons de todo o mundo se alegraram com a eleição de Jorge Bergoglio para o Papado, e que eles continuaram a elogiá-lo publicamente pelo seu amplo e contínuo plano de reforma.

 

Parte um de três partes: Part I | Part 2 | Part 3 

 

Uma vez que as palavras na maioria das vezes falam por si mesmas – e, então, leva-nos todos a uma profunda reflexão sobre a natureza e a proposta desse Papado – devemos deixar os nossos leitores com a evidência abundante compilada nas páginas seguintes. Os documentos citados não estão todos apresentados de forma cronológica. Como há muito material, apresentaremos a documentação em partes, das quais esta é a primeira. Quando for possível, daremos os links diretos para as fontes citadas para facilitar a confirmação dos nossos leitores. Também queremos expressar nossa imensa gratidão à pessoa que fez toda a pesquisa – um verdadeiro trabalho de amor, feito por devoção filial à nossa Igreja Católica e ao seu ensinamento formativo.

 

Comentários preliminares sobre a Maçonaria e a Igreja Católica.

 

1. Um Papa conforme os nossos desejos.

 

"O que devemos exigir, o que devemos buscar e esperar, como os judeus esperaram o Messias, é um Papa conforme os nossos desejos. Alexandre VI, com todos os seus crimes privados, não nos serviria, pois nunca errou em questões religiosas. Clemente XIV, ao contrário, serviría-nos da cabeça aos pés" (Da "Permanent Instruction of the Alta Vendita", seção XIX, primeira metade do século XIX – ênfase adicionada).  

 

Como o falecido John Vennari, então editor do Catholic Family News, explicou, a "Alta Vendita era a loja mais importante dos Carbonari, uma sociedade secreta italiana com ligações com a Maçonaria e que, junto com a própria Maçonaria, foi condenada pela Igreja Católica".

 

Esta citação da Alta Vendita nos dá uma idéia do que alguns maçons estavam historicamente procurando com relação ao Papa da Igreja Católica. Em 1861, Jacques Crétinau-Joly publicou um livro intitulado L'Église romaine en face de la revolution. O autor francês publicou pela primeira vez a Alta Vendita dos Carbonari, que de acordo com os estudiosos da Maçonaria, foi o braço armado de facto da Maçonaria. Aqueles que ocupavam posições de liderança nesse grupo secreto já tinham que ser maçons de alto grau [1].

 

De acordo com esse e com outros documentos maçônicos que foram apreendidos pela polícia papal, os maçons estavam esperando por um Papa conforme as suas necessidades. Não um Papa que fosse membro da sua "irmandade", mas um Papa que se alinhasse com a sua mentalidade. A Alta Vendita pede por um Papa que – semelhante a Clemente XIV [2] – entrega os pés e as mãos aos poderosos (sem medo) e aos incrédulos (que o louvarão por sua tolerância). Para chegar a esse ponto na Igreja, a Alta Vendita sabia que poderia levar muito tempo, até um século [3].     

 

Esse documento foi publicado em 1861, muito antes de existir católicos tradicionalistas. Era o tempo de Pio IX.

 

2. João Paulo II e Bento XVI não agradam…

 

Voltemos ao presente.

 

Em uma entrevista de 1999 e em outra de 2009, o advogado Gustavo Raffi, Grão-mestre do Grande Oriente da Itália (1999-2014), diz que alcançou o Papa Paulo VI porque (afirma Raffi) durante o seu pontificado "a Maçonaria passou por um período de grande diálogo com a Igreja, muitos do clero falavam sobre o fim da censura anti-maçônica e argumentavam a favor de uma compatibilidade entre a Igreja e a Loja [4]. Mas com o Papa João Paulo II houve um retorno à "geada" anti-maçônica: em 1983, a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), presidida pelo Cardeal Joseph Ratzinger, reafirmou a incompatibilidade entre a Igreja e a Maçonaria (Cf.http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19831126_declaration-masonic_en.html]). O Papa Wojtyla aprovou aquela declaração [O OnePeterFive recontou aqui o papel que o Dr. Ingo Dollinger desempenhou com relação ao documento de 1983 da CDF: [http://www.onepeterfive.com/profile-the-life-of-dr-ingo-dollinger/] – o editor].

Desde 1999, no entanto, o Arcebispo (mais tarde, Cardeal) de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, é membro honorário do Rotary Club (cf. https://www.rghfhome.org/first100/history/headings/leaders/vatican.htm#Francis]), que tem ligações com a Maçonaria e até foi condenado por alguns Bispos na Europa, no início do século XX.

 

No inverno de 2004-2005, na revista maçônica britânica Freemasonry Today, um maçom alemão, Axel Pohlmann, queixou-se do Papa Wojtyla (ainda vivo naquela oportunidade) e do Cardeal Ratzinger. Pohlmann sugeriu que depois da morte do Pontífice polonês, os maçons deveriam fazer o seu melhor para convencer a Igreja a remover qualquer condenação anti-maçônica [5]. No artigo, ele pergunta:

 

"O que está reservado para o futuro? Quando perguntado se os contatos deveriam ser mantidos, o padre Sebott disse: 'não enquanto os homens [incluindo Ratzinger] que tomaram as decisões dos anos 1980 estiverem em seus postos, incluindo o Papa'. Esta declaração pode ser negativa para o presente, mas carrega uma esperança para o futuro".

 

Os desejos do maçom Pohlmann logo pareciam se tornar realidade: poucos meses depois de seu artigo ter sido publicado, o Papa João Paulo II faleceu. Seguiu-se o Conclave de 2005. O Cardeal Carlo Maria Martini (jesuíta) estava entre os condidatos elegíveis. Foi ele quem mais atraiu os maçons [6]. Mas parece que naquele Conclave a escolha decisiva oscilou entre o Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio (também jesuíta), e Joseph Ratzinger [7]. Ratzinger venceu (para o desapontamento dos maçons) e tornou-se Bento XVI, o Papa da Summorum Pontificum (Cf. http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/en/letters/2007/documents/hf_ben-xvi_let_20070707_lettera-vescovi.html]), um Papa amplamente visto como um defensor da clara e forte proteção dos valores inegociáveis.

 

No pontificado de Ratzinger houve ataques frequentes da mídia contra a pessoa do Papa, em certos casos diariamente, conspirações de "espiões", vazamento de documentos, críticas de vários teólogos contra o Papa, e um boicote massivo contra o Motu Proprio Summorum Pontificum. Parece que entre os boicotadores, ou pelo menos entre os observadores não entusiasmados da Summorum Pontificum, estava Jorge Mario Bergoglio, então Arcebispo de Buenos Aires [8].

 

Em 2010, o jornal maçônico argentino, Hiram Abif, mostrou o seu desapontamento com o Papa Bento XVI e já especulava sobre o seu futuro sucessor:

 

"Os primeiros anos de Bento XVI deixaram um sentimento de crise crescente na Igreja Católica. Nunca antes os desacordos e divergências foram tão estrondosos dentro e fora do Vaticano. […] E depois de Bento XVI? Quais são as opções que surgem? Quem poderia conduzir a uma nova etapa?” [9]

 

Em fevereiro de 2013, Bento XVI apresentou suas preocupações sobre a sua própria capacidade de continuar um pontificado efetivo, e renunciou. Um novo Conclave foi realizado. Dessa vez, quando um novo Papa apareceu no balcão da Basílica de São Pedro, no dia 13 de março, era o mesmo Jorge Bergoglio, afirmado como alternativa favorita a Ratzinger no Conclave de 2005. O ex-Cardeal Arcebispo de Buenos Aires tomou o nome Francisco, o primeiro Papa a fazê-lo na história da Igreja. Após sua eleição, os ataques implacáveis da mídia e o criticismo constante quase chegaram ao fim, aqueles que se opuseram ao Summorum Pontificum ganharam nova força. Muita discussão sobre a "misericórdia" como tema do novo pontificado entrou na conversa pública, mas a mesma misericórdia parecia ter sido negada aos setores "conservadores" em comunhão com Roma.

 

3. […] "talvez na Igreja nada será como antes. Rumo à Nova Era.   

 

Em certos círculos tradicionalistas da Argentina, é dito que Bergoglio, antes de tornar-se Bispo, desapareceu por um tempo e foi iniciado na Maçonaria, então reapareceu e fez carreira. Quem sabe a verdade? É mais um caso de desinformação tradicionalista? Uma teoria da conspiração e nada mais? O que sabemos com certeza é que, ao longo dos anos, Bergoglio tem demonstrado agradar vários grupos maçônicos, a tal ponto que eles não fazem segredo da satisfação com o Papa. Vamos continuar agora apresentando várias declarações maçônicas a favor de Francisco. Constitui uma quantidade de elogio público nunca recebido por um Pontífice antes (até a data deste texto reunimos mais de 60 exemplos de elogios maçônicos ao Papa argentino).

 

Sem dúvida alguns dirão que essa imagem de Francisco na mídia como favorecido pela Maçonaria é resultado da exploração maçônica e o Papa mesmo não tem nada a ver com isso. Pode ser muito bem o caso. Mas, então, é importante questionar por que os maçons não exploraram ou elogiaram de forma semelhante os Papas Pio IX, Pio X, Pio XI e Pio XII. Parece razoável concluir que eles tiveram pouca oportunidade para fazê-lo, pois esses Papas não lhes dava muito com o que pudessem interpretar de forma favorável aos seus interesses.

 

Vamos agora examinar as evidências do apoio maçônico ao Papa Francisco:

 

1). Depois de sua eleição, o Papa Francisco recebeu congratulações e elogios da B'nai B'rith [10], uma espécie de poderosa Maçonaria para-judaica somente para judeus. A B'nai B'rith (B.B.) alega que não é maçônica, mesmo que suas assembléias sejam chamadas de "Lojas" e "Grande Loja". A B'nai B'rith foi fundada em 1843, e retirou amplamente vários de seus próprios elementos da Maçonaria. Parece que a B'nai B'rith, como organização, tem pouco ou nada a ver com o esoterismo. Ser elogiado pela B'nai B'rith pouco significa; a B.B. também se mostrou contente com Paulo VI e João Paulo II, assim como com Francisco. Mas existem algumas diferenças. João Paulo II condenou abertamente os maçons, e a Maçonaria não o elogiou tão logo tenho sido eleito. Existem alguns elogios esporádicos dos maçons a João Paulo II depois do encontro de oração em Assis, em 1986 – culminando com um prêmio do Grande Oriente da Itália, em 1996 – porém, não muito mais. A condenação anti-maçônica de 1983, citada anteriormente, apagou a maior parte do entusiasmo maçônico pelo Papa.

 

2). No dia de sua eleição, o site de notícias Impulso Baires transmitiu um comunicado da Gran Logia de la Argentina de Libres y Aceptados Masones; o próprio Grão-mestre, Angel Jorge Clavero, cumprimentou o novo Papa Francisco e ex-Cardeal Arcebispo de Buenos Aires [11].

 

3). Em 15 de março de 2013, o site da Gran Loggia Virtuale d'Italia, GLVDI, publicou uma declaração (embora com data de 13 de março de 2013) do Grão-mestre Luciano Nistri sobre a eleição do novo Papa:

 

"A Igreja Católica escolheu como Papa o jesuíta Jorge Mario Bergoglio, que assume o nome de Francisco. Uma escolha clara, alheia à lógica da Cúria Romana e do poder temporal. Desde o primeiro momento, o Papa Francisco, um homem que vem 'quase do fim do mundo', rejeitando a veste de arminho e a cruz de ouro, substituindo-a com a cruz de ferro, fez o seu primeiro ato tangível. Em suas primeiras palavras de saudação, ele manifestou o desejo de dialogar com o mundo e com a humanidade, alimentando a esperança viva dos leigos e não-crentes de que a mudança está a caminho. Talvez seja realmente o que o mundo espera e o que ele espera. Uma nova Igreja que sabe como reconectar amor e verdade em um confronto com instituições não entrincheiradas na defesa de seu próprio poder. É a mesma esperança pela qual – especialmente na América Latina, onde os maçons Simón Bolívar, Salvador Allende e Giuseppe Garibaldi (principalmente no Brasil) entre os muitos que deram liberdade a seus povos – o mundo sempre esperou.

"Uma mensagem de que a Maçonaria percebe uma forte ruptura com o passado e que se volta agora a ouvir os pobres, os marginalizados e mais fracos. Ao novo Pontífice nós enviamos os nossos melhores votos para seu bom trabalho nos próximos anos. Luciano Nistri, Grão-mestre GLVDI" [12].

 

Em janeiro de 2017, Luciano Nistri, 33o (58 anos, originário de Prato), foi designado novamente Grão-mestre da GLVDI por três anos (2017-19) [13].

 

4). Em 14 de março de 2013, Gustavo Raffi, Grão-mestre do Grande Oriente da Itália – uma das lojas mais importantes do mundo – saudou e elogiou o novo Pontífice. Raffi disse, possivelmente de forma profética: "talvez na Igreja nada será como antes" [14].

 

5-6-7). O site maçônico Fenix News, dirigido pelo maçom peruano Mario Rolleri, 330 (Loja Luis Heysen Inchaustegui, Lima, Peru), publicou no dia 15 de março de 2013 uma declaração da Grande Loja Unida do Líbano. O Grão-mestre Rami Haddad e o Soberano Grão Comandante Jamil Saade enviaram suas congratulações à Argentina, às mulheres da Gran Logia Femenina de Argentina (sic), pela ocasião da eleição do Papa Bergoglio [15]. Nessa declaração nós vemos o apoio dos maçons peruanos (5), libaneses (6) e argentinos (7), que estavam todos contentes com a eleição de Bergoglio.

 

Em contraste, Pio IX, Pio X ou Pio XII, quando eleitos, não receberam louvores e saudações da Maçonaria italiana ou internacional. Esses "pios" Pontífices nunca foram amigáveis com os maçons (é coincidência que as causas de canonização de Pio IX e Pio XII estejam paradas?).

 

8). Poucas semanas após a eleição de março de 2013, do Papa Francisco, na edição de 2013 do boletim de notícias maçônico canadense The Watermark, lemos que o novo Papa está na internet, e até foi dado como maçom que utiliza sinais maçônicos ("um maçom utilizando sinais maçônicos, blá, blá!" [16]) … O escritor sugere que trataria o assunto no nível de um bate-papo (“blá, blá!”). O autor está confiante de que o novo Papa, apesar do seu conservadorismo, estará disposto a estabelecer uma relação melhor entre o Catolicismo e a Maçonaria. O mesmo artigo traz a mensagem completa de bons votos do Grão-mestre da Grande Loja da Argentina [Ángel Jorge Clavero, ver ponto 2, abaixo] ao novo Pontífice. No final do artigo do Watermark, o maçom canadense manifesta esperança por um cessar da injusta perseguição centenária da Igreja Romana Católica contra os maçons [17].

 

9). Em uma carta ao seu amigo progressista, Massimo Teodori, em 20 de junho de 2013, o Grão-mestre Raffi mostrou estar cheio de zelo e entusiasmo pelos atos e palavras do Papa Francisco. Raffi advogou uma profunda "reforma" da Igreja, claro, conforme os planos do pensamento maçônico e secularista. Raffi elogiou Karl Rahner (jesuíta) como "grande teólogo" e a sua teoria dos "cristãos anônimos". Raffi opôs-se à "antiga liturgia dos privilégios e sinecuras" [18].

 

10). A favor do Papa Bergoglio também estava a revista maçônica brasileira O Malhete [19]. Em um artigo ("Uma lição do Papa"), p. 07, o Bispo de Roma é exaltado. O autor era Derildo Martins da Costa, Venerável Mestre da Loja "Luz do Planalto", Leste da Serra – Grande Oriente do Brasil. Martins da Costa escreve: "O Papa Francisco, antes de exortar os outros a fazerem, primeiro fez. Aí está a diferença do Papa Francisco para os seus antecessores". Além disso, Martins da Costa diz que o Papa "parece ter vindo para dar exemplos" – exemplos, é razoável concluir, que os maçons achem aceitáveis. No Brasil, de fato, o "Papa nos deixou uma profunda lição de cidadania" quando passou em frente a uma "igreja evangélica" e decidiu rezar o "Pai nosso" com os pastores que estavam à porta.

 

(Uma pequena observação: o Cardeal João Braz de Aviz, atual Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, participou como Arcebispo de Brasília (Brasil), em 2006, de um fórum "espiritual". Em tal fórum estavam presentes também representantes da teosofia, do espiritismo e da Maçonaria brasileira (Grande Oriente do Brasil) [20]. Braz estabeleceu um diálogo com eles e com as freiras americanas liberais [21], mas não tanto com os monges e freiras dos Franciscanos da Imaculada, do padre Stefano Maria Manelli).

 

11). Na edição 1-2/2013 (pp. 65-66) da revista L'Acacia, da Gran Loggia del Rito Simbolico Italiano, o editor chefe, Moreno Neri, espera que o Papa Francisco, um jesuíta, possa realmente reformar a Igreja ("ninguém mais apropriado que um jesuíta para assumir os desafios das mudanças que aguardam a Igreja"), e recomenda o Cardeal Martini. O maçom Neri espera que a Igreja não seja mais um "sistema fechado e empoeirado".

 

12). Em 2013, os jornalistas italianos Giacomo Galeazzi e Ferrucio Pinotti publicaram o livro Vaticano Massone. Galeazzi é super "fã" do Papa Francisco, como o é Andrea Tornielli, correspondente no Vaticano e colega de Galeazzi no jornal La Stampa, de Turim. Galeazzi-Pinotti escrevem:

 

"Nos últimos 30-35 anos, muitos jesuítas estiveram interessados de forma positiva na Maçonaria; eles tomaram parte em debates públicos, conferências organizadas pelo Grande Oriente da Itália, escreveram artigos e livros sobre o pensamento filosófico e a história da Maçonaria – em outras palavras, eles eram os eclesiásticos que, apesar dos anátemas e das diversas excomunhões da Igreja de Roma contra a instituição maçônica, tentaram entender, e muitas vezes acabaram compartilhando a abordagem filosófica" [22].

 

Galeazzi-Pinotti também relataram sobre algumas declarações feitas pelo maçom Nicola Spinello:

 

"Nicola Spinello, Vigário-adjunto Grão-mestre da Comunidade Piazza del Gesú, respondeu a pergunta colocada para ele pelo programa televisivo Mistero, que foi ao ar no dia 20 de março de 2013: "Qual a relação entre os jesuítas e os maçons? Jesuítas e Maçonaria sempre tiveram um grande e mútuo interesse especulativo" […]

Então, a pergunta: "O Papa é da Argentina, e na Argentina há uma grande tradição maçônica; ele foi Arcebispo de Buenos Aires, você acha que ele pode ter tido relações com a Maçonaria?"

Spinello respondeu: "Exatamente o oposto me surpreenderia: se ele não tivesse tido essas relações. A tradição maçônica na Argentina é muito poderosa".

Em outra pergunta do entrevistador ele respondeu: "Eu acredito que esse Papa é a realização de um projeto que há muito tempo queria ser adotado" [23].

 

Galeazzi-Pinotti continuam:

 

"O Grão-mestre da Catânia, Vincenzo Di Benedetto, chefe da Sereníssima Grande Loja Piazza del Gesú, também respondeu a nossa específica pergunta: "Várias fontes indicam a existência de lojas maçônicas também no Vaticano; você considera isso possível?" Ele respondeu sem hesitação: "Sim, certamente, independentemente de você utilizar o nome ou não" [24].

 

13). Em julho de 2013, celebrando o seu amigo e falecido Cardeal Ersilio Tonini, o Grão-mestre Gustavo Raffi (Grande Oriente da Itália) lançou um novo tributo ao Papa Francisco:

 

"A humanidade hoje está cada vez mais pobre, como a Igreja Católica. Mas a Igreja do Papa Francisco promete respeitar a alteridade e partilhar a idéia de que o Estado secular promove a paz e a coexistência de diferentes religiões" [25].

 

14). Em uma carta de duas páginas, datada de 09 de setembro de 2013, Gian Franco Pilloni, Sereno Grão-mestre da Grande Loja da Itália – U.M.S.O.I. (Unione Massonica Stretta Osservanza Iniziatica, fundada por Armando Corona, já Grão-mestre do Grande Oriente da Itália) – dirigiu-se ao Papa Francisco pedindo-lhe que trabalhasse "para o fim das divisões que existem nas relações entre a Igreja Católica e a Maçonaria". Pilloni quer nos fazer acreditar que a Maçonaria não é adversária da Igreja Católica, mas que elas andam em "ruas paralelas". Pilloni elogiou o Papa Francisco, dizendo que "A Igreja Católica está sendo dignamente representada por você", e acrescenta, "eu apelo a Vossa Santidade, um homem de extraordinárias qualidades humanas" [26]. Pilloni escreve que a sua Grande Loja é “reconhecida pela Grande Loja Americana, à qual eu pertenço” (i.e. Pilloni também é membro da Maçonaria americana) [27].

 

15). No dia 21 de setembro de 2013, durante as celebrações do Grande Oriente da Itália por ocasião da recorrência do 20 de setembro e o Equinócio de outono, o Grão-mestre Gustavo Raffi declarou, inter alia:

 

"O Papa Francisco lançou mensagens de humanidade que estão em sintonia com o que temos dito há anos. Ao falar à sociedade, ele também convida as pessoas a saírem das catacumbas e não se afastarem, mas testemunharem entre os diversos povos os próprios valores. As reflexões não devem ser limitadas ao hoje, mas devem constituir o futuro. Esta é uma Maçonaria viva, falando [em diálogo] com as pessoas” [28]

 

16). Em data não definida, mas ainda no ano de 2013 – no site da revista filipina Southern Leyte Times – o editor Antonio M. Reyes, maçom declarado, escreveu que os grandes heróis filipinos são maçons e que a Igreja Católica condenou a Maçonaria, também com a declaração do então Cardeal Ratzinger (1983). Reyes afirmou sua crença de que agora, com o Papa Francisco, as coisas mudariam, porque, tanto para o Pontífice reinante quanto para os maçons, todas as religiões e associações de irmandade que acreditam em Deus não devem ser condenadas à danação eterna. Os professos cristãos (maçônicos) como Reyes querem prestar atenção ao apelo do Papa para a tolerância religiosa e para o ecumenismo genuíno. Reyes escreve:

 

"Felizmente, os católicos romanos agora têm um líder no Papa Francisco, que acredita que todas as religiões e associações de irmandade que creem em Deus não devem ser condenadas à danação eterna. Nós, como cristãos, devemos atender o seu apelo à tolerância religiosa e ao ecumenismo genuíno" [29].

 

17). Em uma entrevista publicada sem data, após sua eleição em 2013, Vincenzo Romano, 330, novamente eleito Deputado ou Vigário Grão-mestre da Gran Loggia d'Italia degli Antichi Liberi Accettati MuratoriPiazza del GesúPalazzo Vitteleschi -, apontou que a Maçonaria não segue os princípios [católicos] e reclamou que a Igreja não aceita a forma de pensar dos maçons [31]. Ele então respondeu a seguinte pergunta:

 

"O Papa Francisco já fez muitas aberturas; pode haver algo de positivo a ser visto nele com relação à Maçonaria?"

 

O maçom respondeu:

 

"O Papa Francisco até agora provou ser um grande Papa, mas eu não sei se ele tem algum preconceito contra nós. Vamos esperar para ver se haverá alguma reação. Nós nos declaramos prontos para abraçar o mundo católico" [30].

 

. Fim da primeira parte.

 

 NOTAS.

[1]. L. DE PONCINS, La Franc-Maçonnerie d’après ses documents secrets, Diffusion de la Pensée Française, Chiré-en-Montreuil, 1975, p. 159.

[2]. Papa Clemente XIV (1705-1774), Papa de 1769 a 1774, relutantemente suprimiu a Ordem dos Jesuítas em 21 de julho de 1773 (cf. Dominus ac Redemptor). A Ordem foi restaurada pelo Papa Pio VII, em 1814. Nota do editor.

[3]. Instruction permanente (Haute Vente), cit. in J. CRÉTINEAU-JOLY, L’Eglise romaine en face de la Révolution, Vol. II, vol., Henri Plon, Paris 1861, pp. 74-75.

[4]. S. MAGISTER, “Massone, non c’è comunione,” in L’Espresso, 19 de agosto de 1999, p. 69 (68-71) [http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/7167.html]; cf. Gustavo Raffi, Grão-mestre do Grante Oriente da Itália, in Erasmo notizie, n° 6-7- 8, 31 março – 31 abril 2009, Grande Oriente d’Italia, Roma, p. 32.

[5]. A. POHLMANN, “Not a crime, but a sin?” (to be a Freemason), in Freemasonry Today, in [https://web.archive.org/web/20101215192220/http://freemasonrytoday.com/31/p10.php].

[6]. D. MINERVA, Dialogo sulla vita. Colloquio tra Carlo Maria Martini e Ignazio Marino (L’espresso, 27 de abril de 2006), in Erasmo notizie, Bollettino del Grande Oriente d’Italia, n. 7-8/2006, pp. 42-47.

[7]. [http://temi.repubblica.it/limes/cosi-eleggemmo- papa-ratzinger/5959].

[8]. [http://blog.messainlatino.it/2011/06/un-mesto-anniversario.html].

[9]. Cf. p. 20 desta edição: [http://www.hiramabif.org/revista/abif_119.rar].

[10]. [https://www.bnaibritheurope.org/bbeurope/what-we-do/public-policy/375-bnai-brith-welcomes-pope-francis]; [http://www.bnaibrith.org/press-releases/bnai-brith-international-welcomes-new-pope-francis-i].

[11]. [http://www.impulsobaires.com.ar/nota.php?id=175015]; [http://www.actualmasonica.com/2013/03/20/el-papa-francisco-los-masones/].

[12]. GLVDI Notiziario – Notiziario Massonico Gran Loggia Virtuale d’Italia, R.S.A.A. Massoneria Italiana, Comunicato, Post n° 159, publicado em 15 de março de 2013 [http://blog.libero.it/GLVDI/11982726.html].

[13]. [http://blog.libero.it/GLVDI/13495401.html].

[14]. [http://www.grandeoriente.it/il-gran-maestro-raffi-con-papa-francesco-nulla-sara-piu-come-prima-chiara-la-scelta-di-fraternita-per-una-chiesa-del-dialogo-non-contaminata-dalle-logiche-e-dalle-tentazioni-del-potere-temporale/].

[15]. "Gran Logia Unida del Libano saluda a la Gran Logia Femenina de Argentina por eleccion de nuevo Papa Francisco” [http://www.fenixnews.com/2013/03/15/gran-logia-unida-del-libano-saluda-a-la-gran-logia-femenina-de-argentina-por-eleccion-de-nuevo-papa-francisco/].

[16]. "O ex-Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco I, já encerrou os delírios anti-maçônicos e anti-católicos e a internet está agitada (basta procurar no Google: Papa Francisco – Maçonaria) com olhos ferozes afirmando que "o papa negro" é um maçom utilizando sinais maçônicos, blá, blá!" (“A New Pope – A New Relationship With the Roman Catholic Church?” in The Watermark – Canada’s online Masonic Philatelic Newsletter, Vol. 3 – Edição 4 – Abril, 2013, p. 3), [http://bytown.ottawamasons.ca/Watermark%20April%202013.pdf].

[17]. “Eu tenho esperança de que este novo Papa que, apesar do seu conservadorismo, é bastante admirado por sua humildade pessoal e por um compromisso com a justiça social, terá vontade de construir uma relação melhor entre o Catolicismo e a Maçonaria. Faço eco dos comentário do Grão-mestre da Grande Loja da Argentina” […] "Nós podemos apenas esperar que centenas de anos de perseguição injustificada da Igreja Romana Católica contra a Maçonaria irá cessar" (Ibid., p. 3).

[18].  Cf. Erasmo notizie, bollettino d’informazione del Grande Oriente d’Italia, anno XIV, n. 13-14, 31 de julho de 2013, Roma, Rome, p. 19.

[19]. Agosto de 2013, Grande Oriente do Brasil, estado do Espírito Santo (GOB-ES).

[20]. Cf. Corrispondenza Romana, n. 971/03, 6 December 2006 [http://www.fattisentire.org/modules.php?name=News&file=print&sid=2294]. Lemos neste site que Braz de Aviz foi "nomeado Bispo auxiliar de Vitória em 1994, em 1998 foi apontado Bispo Diocesano de Ponta Grossa; depois de quatro anos apenas, em 2002, foi transferido para Maringá e, em 2004, foi apontado Arcebispo Metropolitano de Brasília. Uma carreira verdadeiramente meteórica". Em 2010-2011, ele foi apontado como o novo Prefeito dos Religiosos [“Prefect of Religious”], e logo elevado a Cardeal.

[21]. [http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1350234bdc4.html?eng=y]; [http://magister.blogautore.espresso.repubblica.it/2013/04/15/sempre-in-castigo-le-suore-americane-liberal/].

[22]. Giacomo GALEAZZI – Ferruccio PINOTTI, Vaticano Massone: Logge, denaro e poteri occulti: il lato segreto della Chiesa di papa Francesco. Edizioni Piemme, Milão, 2013, pp. 56-57.

[23]. Ibid., p. 83 – ênfase adicionada. 

[24]. Ibid.

[25]. Erasmo notizie, Bollettino d’informazione del Grande Oriente d’Italia, Anno XIV, número 15-16, 30 de setembro de 2013, p. 11.

[26]. [http://www.granloggiaditalia.com/sito/wp-content/uploads/2013/02/papa-francesco-sito2.jpg] – ênfase adicionada.

[27]. [http://www.granloggiaditalia.com/sito/wp-content/uploads/2013/02/papa-francesco-per-sito-1.jpg].

[28]. Erasmo notizie, Bollettino d’informazione del Grande Oriente d’Italia, Anno XIV, número 17-18, 31 de outubro de 2013, p. 6.

[29]. [http://www.southernleytetimes.com/No_way_to_treat_our_heroes.html].

[30]. [http://www.regionecalabriagldi.it/public_html/news-dalle-logge/54-intervista-a-vincenzo-romano-gran-maestro-aggiunto.html] – ênfase adicionada.

[31]. [Pergunta da entrevista]: “Sua relação com a Igreja?” [Resposta]: "Nós pagamos com uma excomunhão que é agora ridícula e que remonta a cem anos atrás. Tentamos abrir um diálogo com o Vaticano e há alguns anos tivemos sucesso com séries de correspondências trocadas com o Secretário de Estado. No entanto, há uma certa rigidez por parte da Igreja por causa dos dogmas. Juramos sobre o livro sagrado, que é a Bíblia, não temos nada contra a Igreja. E a Igreja não aceita a forma com que pensamos. Nós não vivemos com dogmas, em vez disso nós gostamos de elaborar nosso pensamento, comparar, pensar. Isso nos distingue. A Igreja tem muitos preconceitos contra nós". Ibid.

 

Fonte: [http://www.onepeterfive.com/freemasons-love-pope-francis/].

Tradução: Bruno Braga.

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