Cardeal Reinhard Marx elogia a obra de Karl Marx.

Catequese
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Infocatólica, 02 de maio de 2018.

[http://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=32161].

Tradução. Bruno Braga.

Em entrevistas concedidas nos últimos dias, o Cardeal Reinhard Marx, Arcebispo de Munique e presidente da Conferência Episcopal Alemã, defendeu a figura de Karl Marx, considerado o pai do Comunismo. “Sem ele não haveria doutrina social da Igreja”, assegura.

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Em duas entrevistas concedidas, uma, ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung [1], a outra, ao RPOOnline [2], o Cardeal indica que Marx soube ver que a “prosperidade e o benefício não são tudo o que deve orientar uma sociedade”.

O purpurado assegura que se sentiu profundamente impressionado ao ler a obra mais importante de Karl Marx, O Capital, e a considera escrita “com uma grande linguagem”.

O Cardeal alemão deplora as “enormes desigualdades sociais e danos ecológicos que são resultado das dinâmicas capitalistas”. Que isso tenha melhorado, “não é uma conquista do capitalismo, mas o resultado de uma luta contra os excessos”. Este conhecimento também é devido, segundo o prelado, a Karl Marx: “O mercado não é tão inocente como aparece nos livros dos economistas. Por trás dele existem interesses poderosos”.

O presidente da Conferências Episcopal Alemã vai além. Ele afirma que Karl Marx, considerado como “um dos primeiros sociólogos sérios”, “pode ser muito útil” à luz dos atuais conflitos, revoluções e guerras, que poderiam muito bem ter suas raízes na injustiça econômica. E acrescenta: “Os direitos humanos estão incompletos sem uma participação no material”.

“Sem ele não haveria doutrina social da Igreja”.

O purpurado assegura também que a doutrina social católica tem “trabalhado duro” desde Marx. “Sem ele”, afirma, “não haveria doutrina social da Igreja”. E cita as palavras de Oswald von Nell-Breuning: “Todos estamos sobre os ombros de Karl Marx”. Isso não significa, acrescenta, que ele seja um “padre da Igreja”.

Ademais. O Cardeal afirma que não se deve acusar Marx por causa dos crimes cometidos pelo Comunismo neste e no século passado.

Esse posicionamento do Cardeal Marx é manifestado pouco depois de o Mons. Marcelo Sánchez Sorondo, presidente da Pontifícia Academia para as Ciências, assegurar que a ditadura comunista chinesa é quem melhor cumpre a doutrina social da Igreja [3].

O Magistério pontifício condena o Comunismo.

No entanto, o Comunismo e a defesa dele sempre foram condenados pelo Magistério pontifício. Pio XI denuncia na Encíclica Qui pluribus:

[…] o ensinamento perverso, sobretudo em matérias filosóficas, que lamentavelmente engana e corrompe a incauta juventude, e dá a ela para beber o fel do dragão em cálice da Babilônia, tal nefasta doutrina do comunismo, contrária ao direito natural, que, uma vez admitida, lança por terra os direitos de todos, a propriedade, a sociedade humana mesma; tais são as insídias tenebrosas daqueles que, em pele de ovelha, sendo lobos devoradores, insinuam-se fraudulentamente, com uma aparência de piedade sincera, virtude e disciplina, penetram humildemente, capturam com brandura, atam delicadamente, matam às ocultas, separam os homens da Religião, sacrificam e destroçam as ovelhas do Senhor.

Manifestações semelhantes aparecem nas Encíclicas:

Divini Redemptores, de Pio XI (19 de março de 1937), expressamente dedicada a condenar o Comunismo ateu [4];

Ad Apostolorum Principis, de Pio XII (29 de junho de 1958), que condena a intervenção do comunismo chinês em assuntos eclesiásticos [5].

Mater et Magistra, de São João XXIII (15 de maio de 1961), que recorda e confirma a Encíclica Quadragesimmo Anno, de Pio XI:

Entre comunismo e cristianismo, o pontífice declara novamente que a oposição é radical, e acrescenta não se poder admitir de maneira alguma que os católicos adiram ao socialismo moderado” [6].

Ecclesiam suam, do beato Paulo VI (06 de agosto de 1964), na qual assegura estar obrigado a

[…] condenar os sistemas ideológicos negadores de Deus e opressores da Igreja, sistemas muitas vezes identificados com regimes econômicos, sociais e políticos, e entre estes de maneira especial o comunismo ateu.

NOTAS.

[1]. Cf. [https://www.vaticannews.va/de/kirche/news/2018-04/deutschland-kardinal-marx-lob-kommunismus.html].

[2]. Cf. [http://www.rp-online.de/kultur/200-geburtstag-von-karl-marx-was-kardinal-reinhard-marx-bischof-von-trier-ueber-marx-denkt-aid-1.7526248].

[3]. Cf. [http://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=31549].

[4]. Cf. [https://w2.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19370319_divini-redemptoris.html].

[5]. Cf. [https://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_29061958_ad-apostolorum-principis.html].

[6]. Cf. [http://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_15051961_mater.html].

[7]. Cf. [http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_06081964_ecclesiam.html].

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