Cardeal Brandmüller sobre o novo “plano totalmente desonesto” dos Bispos alemães.

Catequese
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Maike Hickson.

OnePeterFive, 06 de março de 2018.

[https://onepeterfive.com/cardinal-brandmuller-german-bishops-new-wholly-dishonest-ploy/].

Tradução. Bruno Braga.

Na esteira da recente e forte refutação do Cardeal Gerhard Müller [1] contra a decisão dos Bispos alemães de admitir, em casos particulares, a Sagrada Comunhão aos cônjuges protestantes de um católico[2], agora é o Cardeal Walter Brandmüller que toma posição a respeito dessa nova iniciativa episcopal, chamando a referência dos Bispos alemães a “casos particulares” de uma “tática do salame” e um “plano totalmente desonesto”. O Cardeal também fala sobre o perigo de “tomar regras para situações existenciais extraordinárias e aplicá-las à vida normal”, o que ele chama de um “truque perverso”.

Armin Schwibach, correspondente em Roma do site de notícias austríaco Kath.net, publicou hoje, 6 de março, um artigo sobre a abordagem teologicamente duvidosa dos Bispos alemães sobre a questão da intercomunhão [3]. Ele relata os comentários do Cardeal Walter Brandmüller – o ex-presidente do Pontifício Comitê das Ciências Históricas – em uma entrevista que lhe foi concedida. O Cardeal alemão, mais uma vez, encontra palavras fortes sobre as ações da Conferência dos Bispos Alemã, ajudando os católicos a enxergarem claramente os seus métodos e a fundamentação teológica insuficiente para a sua nova iniciativa. Os seus comentários também podem ser de ajuda no contexto de longas discussões na Igreja desde que o Papa Francisco, em 2015, expressou-se permissivamente a respeito de cônjuges protestantes receberem a Sagrada Comunhão [4].

O Cardeal Brandmüller primeiro declarou que é importante discernir o que se quer dizer quando se fala sobre a “Igreja”. É “uma empresa para ajudar a fazer um mundo melhor? Uma ONG para ajudar as pessoas na vida?” Respondendo essas questões, ele diz que “a ‘Igreja’ é uma realidade” que não se pensa nestes termos. “A Igreja é uma obra de Deus, ela é a forma visível e concreta na qual o Cristo Ressuscitado continua sua obra salvífica no mundo”. Depois de definir o termo “Igreja”, o Cardeal alemão também define a “Última Ceia” e a “Comunhão”: alguns podem pensar em refeição, hospitalidade, etc. No entanto, “Eucaristia, Comunhão no sentido católico e ortodoxo significa algo completamente diferente”. O Cardeal Brandmüller aqui nos recorda a transubstanciação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo. É “o Cristo verdadeiramente presente na forma do pão e do vinho”, ele explica.

Então, a Sagrada Comunhão, neste sentido, significa “que o homem redimido se une ao Cristo presente neste mistério”. Por causa disso, diz Brandmüller, é importante ter em mente a advertência de São Paulo: não comer e beber o corpo e o sangue de Cristo para a própria condenação. “É preciso ter isso em mente quando se fala sobre [uma negligente] admissão caso-a-caso à Comunhão”.

O Cardeal Brandmüller, então, deixa muito claro o que ele pensa sobre o novo documento dos Bispos alemães, explicando a nova postura sobre a Comunhão para cônjuges protestantes: “Se agora o documento dos Bispos alemães fala sobre casos particulares em que isso seja possível, então isso é em si mesmo apenas um passo tático para a intercomunhão geral com não-católicos”. O Cardeal alemão acrescenta: “tal postura chama-se também ‘tática do salame’. E: o gotejar constante desgasta a pedra. É um plano totalmente desonesto para alcançar um objetivo determinado”.

O Cardeal Brandmüller também rejeita a reivindicação dos Bispos alemães de que aos cônjuges protestantes se deve dar acesso à Sagrada Comunhão por causa de sua “fome Eucarística”. Ele classifica esta expressão como “um caso que é imaginado com bastante esforço”, e é “uma situação melodramática constrangedora”, sim, uma “coisa de fazer soluçar…”. Ele comenta que “um cristão que verdadeiramente anseia a Sagrada Comunhão e sabe que não há Eucaristia sem a Igreja nem Igreja sem Eucaristia, pedirá a admissão à Igreja Católica. Qualquer outra coisa seria duvidoso e desonesto”. A Igreja, ele acrescenta, não é uma “loja self-service”, onde se pode escolher e pegar de acordo com os próprios desejos. Aqui é tudo ou nada!”, exclama o Cardeal.

O Cardeal Brandmüller também discute a referência dos Bispos alemães ao Código de Direito Canônico 844 §§ 3 e 4, que falam sobre situações extraordinárias, em que um católico ortodoxo (§3) ou um cristão de outras denominações (§4) podem recorrer aos Sacramentos da Igreja quando há um perigo eminente de morte ou uma situação de aprisionamento, e somente no caso de um cristão individual “estar disposto na forma correta”, o que significa “estar livre de pecado mortal e ter o desejo honesto de receber o Sacramento”, de acordo com o Cardeal. Ele também repete sua questão sobre por que tal pessoa, “que preenche essas condições, e que não está em uma situação extraordinária, não deveria simplesmente pedir para ser admitida na Igreja Católica”.

NOTAS.

[1]. Cf. [https://www.lifesitenews.com/blogs/cardinal-mueller-magisterium-is-not-supposed-to-lead-faithful-into-confusio].

[2]. Cf. [https://www.lifesitenews.com/news/germanys-bishops-approve-communion-for-protestant-spouses].

[3]. Cf. [http://www.kath.net/news/62975].

[4]. [https://onepeterfive.com/up-next-on-the-vatican-agenda-intercommunion/].

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